Ninguém nunca te falou, mas filho cansa. Todo mundo insiste em dizer que a maternidade é cor de rosa, que a mulher vive um momento de plenitude, que ter um bebê nos braços é esplendoroso. E realmente é. Mas não é assim 24 horas por dia. Bebês choram e, alguns, choram muito. Bebês tem fome e precisam ser alimentados, muitas vezes a cada três, duas ou até de hora em hora. E a mãe tem que estar lá, firme e forte para alimentar sua cria. Por que ela o ama e quer vê-lo crescer e sabe da sua necessidade. Mas não me diga que ela tenha que fazer isso com sorriso nos lábios, penteada e cheirosa, como nos comerciais de margarina. Muitas vezes o dia passa e você se dá conta que sequer tirou o pijama. Escovar os dentes, pentear os cabelos, tomar um banho um pouco mais prolongado passam a ser desejados pela nova mãe, que nem sempre consegue fazê-los com a calma e naturalidade que realizava antes do bebê nascer. Nem sempre ou quase nunca, pra ser bem sincera.
A amamentação é sublime e deve ser sim incentivada. Mas ninguém diz que os seus peitos vão rachar, que muitas vezes podem até sangrar, que você vai sentir uma dor do cão quando aquele bebezinho pegar de jeito no seu bico. Dói. Dói muito. Na primeira semana você pode ficar à beira do continuar ou desistir. Lágrimas chegaram a escorrer dos meus olhos por conta da dor. E uma sensação de fraqueza absurda tomou conta de mim. “Como assim? Por que estou sofrendo se todo mundo diz que amamentar é lindo? É prazeroso? Será que não sou capaz?”. Passadas as primeiras semanas você realmente vai descobrir a tal plenitude do amamentar. Mas, lembre-se, terá que remar muito forte para superar essa maré brava.A maioria dos bebês tem cólicas. E você sabia, que geralmente, elas surgem a noite e na madrugada? É… depois que sua mãe, sua vó, sua melhor amiga foram embora. E nessa hora é você e ele (e o pai, claro, que deve ser presente nessa hora). E aí você tenta botar em prática todas as receitas que ouviu durante os nove meses de gravidez e parece que nada funciona. Seu corpo está cansado, você passou o dia trocando fraldas, não dormiu direito na noite anterior, quando tentou esticar as pernas por alguns minutos, ele chorou de fome. Você não descansou e agora, bem quando o que mais você queria era se entregar nos braços de Morfeu, ter um sono gostoso e tranquilo, ele tem dor. E é só você que pode ajudá-lo. E nessa hora você lembra que é filha e que o que mais queria era o colo da sua mãe nesse momento… Quando o Matheus, meu primeiro filho tinha poucos dias de vida, recebi a visita de uma amiga que disse: “Passa rápido. A cólica vai até os 4 meses!”. Fiquei paralisada. Se eu estava morta na segunda semana do pós parto, como assim teria que esperar mais 3 meses pela frente? Parecia o fim! Mas só parecia… Realmente a cólica passou e hoje nem lembro quantas crises foram, como foi não dormir direito, como descobrimos qual a melhor forma de acalmá-lo e deixá-lo mais quentinho e confortável. Seguro e sem dor. Só sei que descobrimos e tudo passou.E quando você pensa que está livre da temida cólica, surgem os dentes e com eles as noites sem dormir, os choros, as angustias novamente. E as febres, o primeiro resfriado, as alergias e intolerâncias disso e daquilo. Ter um filho é como estar no mar, remando contra a maré. Mar bravo. Ondas fortes. Que tentam te derrubar a todo instante. “Meu Deus, quando isso vai acabar?” Digo: não vai! Filho é pra vida toda! E as fases mudam, as angustias e preocupações também. As necessidades são outras, mas você não nasceu mãe, lembra? Portanto terá que aprender ao longo da vida a lidar com cada situação. É como um jogo… um passo pra frente, dois pra trás, bônus de experiência, prêmio por alcançar o objetivo e assim tocamos o barco. E digo… o saldo é positivo, mesmo diante de tantos altos e baixos! Acompanhar o seu crescimento, ver o primeiro sorriso, presenciar o seu despertar depois de um sono gostoso é hipnotizante! É sua cria! É seu filhote! É parte de você! É seu coração batendo fora do seu corpo! É apaixonante!A maternidade é mágica. E a escola dela é a vida. Triste de quem não se arrisca nessa aventura e não se joga nesse mar para navegar. A maternidade é amor, é descobertas, é aprendizado, é sentir-se forte e fraco em questão de segundos. É ter dúvidas, é ter certezas, é aprender a dar um passo de cada vez. É acreditar em você. É descobrir-se. É dar mais valor para o seu feeling. É reconhecer-se em outro ser.A maternidade é difícil, mas é recompensadora! Não pense que será fácil, pois não será. E a ideia não é assustá-la logo agora que está estasiada aguardando a chegada do primeiro filho. É trazê-la pro chão, tirá-la das nuvens, para que você curta com plenitude cada fase, que é sim passageira.* Carta de uma tia para uma sobrinha que está prestes a ficar cara a cara com seu primeiro filho.